CulturaDiversosHistorias de PoçosRoberto Tereziano

AGOSTINI TUCCI – ANÔNIMO HÁ MAIS DE CEM ANOS


Dois mil e doze não marcou apenas os cento e quarenta anos de Poços de Caldas. Muitas outras coisas também ultrapassam o século juntamente com aquele ano, dentre elas a chamada Ponte dos desejos.
A praça Dom Pedro Segundo, mais conhecida desde a antiguidade como praça dos Macacos.
Foi no passado uma quase ilha, e no período das chuvas especialmente, quando o volume das águas do rio aumentava, a fonte ficava literalmente submersa.
Depois de um grande aterro, no campo do João Sabino, como era conhecida a região, o que não aconteceu só naquela praça, mas, praticamente, em toda a área central da cidade, que no período das águas ficava sempre inundado, e a improvisada ponte de madeira sempre era arrastada pela correnteza.
Em tal período estava na prefeitura de Poços de Caldas o grande alcaíde Francisco Escobar, cujo nome não há como esquecer. É tal prefeito que resolve de uma vez por todas a questão da ponte.
Mas como se tratava de uma estancia a ser construída, tinha que ser muito mais que uma simples ponte. Assim era a visão dos administradores do passado. Haveria de ser algo útil e belo.
Não se sabe aonde o prefeito foi descobrir um artista italiano chamado Agostini Tucci, que foi o responsável pela obra de arte que até hoje, cento e quinze anos depois, ainda encanta e engana.

Há pessoas que não acreditam que aquele acabamento não seja de madeira. É preciso tocar para ter certeza de que é uma escultura em concreto.

Como se tratava de uma ponte a ser construída em um local que enfrentava grandes inundações, toda a fundação tinha que ser sólida. A estrutura foi acompanhada pelo próprio prefeito que também tinha grande conhecimento estrutural.mesmo sendo arquiteto e, como mestre de obras Luciano Pincceli, que comandou a equipe de operários.
Pronta à parte rústica e estrutural do projeto, chega finalmente o artista italiano vindo da cidade de Mococa , e, com ferramentas improvisados por ele próprio, começa a grande obra de arte.
Durante três meses aproximadamente, Agostini Tucci, usando garfos, cabos de colheres e outros improvisos, foi dando forma à sua arte e brindou a cidade com a bela ponte que mais recentemente se convencionou chamar de Ponte dos desejos.

Não se considerava tal técnica rara como obra de arte e poucos são os artistas a dominá-la.
Cidades-estancias criadas depois de Poços de Caldas tentaram em muitas coisas uma similitude com coisas existentes em Poços. Assim, o mesmo arquiteto que desenhou nosso cassino também foi para outras estancias e, há nelas. prédios com bastante semelhança com os de Poços, exemplo? Pálace Casino.

Em Caxambu, MG, uma das cidades estancias hidrotermais, há em vários pontos artes parecidas com a ponte de Poços de Caldas, imitando madeira. Uma pesquisa universitária identificou tal trabalho, feito por um artista português Francisco da Silva Reis, de apelido “Chico Cascateiro”. Tais estudantes estiveram por Poços de Caldas, na tentativa de identificar mais obras do artista português, mas o que se encontrou em Poços de Caldas era diferente, pois o artista português se dedicava a imitação de cipós trançados, diferente de Tucci.
Agostini Tucci, na sua passagem por Poços de Caldas também fez sua arte na casa do escritor Antônio Candido de Mello Souza que ficava na R. Cap. Afonso Junqueira e que foi demolida mais recentemente e com ela a obra de Tucci que ficava na varanda.
Não a muito tempo, colocaram uma placa próximo a ponte com nomes de pessoas que trabalharam na obra, mas com erro no nome Pincceli, que foi o mestre de obras e sem o nome do artista Agostini Tucci. Ao completar cento e quinze anos da monumental “obra de arte” seria um bom momento para tais correções e, quem sabe, se aprovar uma lei a muito sonhada e não por poucas pessoas: Que cada prédio histórico e cada rua que prestam homenagem as pessoas tivessem uma placa com um resumo de quem está se pretendendo homenagear ou um pouco da historia de tais imóveis para que tais homenagens sejam completas e verdadeiras. (originalmente publicada em 2012) Roberto Tereziano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site está protegido. Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize as ferramentas de compartilhamento da página.

error: Este site está protegido.