Diversos

Especial Mãe Coragem – Fernanda Magalhães

“O princípio de tudo é a aceitação”

Fernanda conta com a ajuda da companheira Cátia na educação dos três filhos

 

A cabeleireira e manicure Fernanda Magalhães, de 44 anos, tem três filhos. O mais velho, de 18 anos, já está na universidade, enquanto o do meio, de 16, estuda no Instituto Federal do Sul de Minas e o caçula, um ano mais novo, é aluno da Escola Estadual David Campista. Há seis anos, a família conta também com a companheira de Fernanda, Cátia, que auxilia na educação dos meninos.

Depois de dez anos de casamento hétero e de três filhos, hoje Fernanda tem uma relação homoafetiva e cria os filhos em um clima de respeito, aceitação e tranquilidade. “Somos casadas e moramos juntas há seis anos. Temos nosso contrato de união estável, reconhecido em cartório”.

Separada do primeiro marido há mais de dez anos, a esteticista veio de Guaxupé para Poços para constituir um novo modelo de família, cada vez mais comum. Assim, de maneira natural, as crianças aprenderam o princípio do respeito às diferenças. “Eu sempre ensinei para eles que o preconceito era muito feio. Desde o início, eu tentei passar para eles de uma forma bem natural”, relata.

Para ela, uma educação baseada na tolerância e na aceitação é capaz de diminuir as dificuldades que podem surgir no dia a dia. “Meus filhos nunca tiveram problemas em relação a isso porque já cresceram com essa mentalidade de que o que importa é o caráter de cada um. Sexualidade, cor de pele, definição religiosa, nada disso tem de gerar preconceito”, afirma.

Na rotina da família, a convivência de Cátia com os filhos de Fernanda é tranquila e positiva. “Ela não faz papel nem de mãe nem de pai. Ela procura me ajudar na educação deles. Ela consegue ver coisas que eu não consigo. Na correria do dia a dia, com um monte de preocupações, ela consegue observar muito melhor”, conta.

Logo após a decisão de Fernanda, as dificuldades vieram. “Quando eu me separei, há mais de dez, as coisas aconteceram muito rápido. Eu resolvi me assumir porque achei mais honesto comigo e com todo mundo. Por isso, a gente paga um preço, ainda mais em Guaxupé, que é uma cidade menor. Eu percebia que as pessoas falavam, comentavam, mas foi uma decisão minha e eu tinha que arcar com as consequências”.

Com convicção e naturalidade, Fernanda criou os filhos como qualquer mãe que preza pelo bem estar e felicidade das crianças. “Quando a gente se assume, quando a gente se aceita, tudo passa a ser diferente. Aquilo não é mais empecilho, não é mais problema, não é mais barreira”, defende.

Quando eram pequenos, os meninos não sabiam muito bem como se referir à Cátia. Eles diziam que ela era amiga da mãe, tia. “Aí começou uma fase da vida deles que eu comecei a perceber que eles tinham prazer em falar que a mãe tinha uma companheira”. Neste ambiente, as crianças cresceram aprendendo que o que é importa é o caráter de cada um, independente de raça, profissão, condição social ou orientação sexual.

Fernanda também percebeu que os filhos foram tendo contato com outras pessoas com orientações sexuais diversas, o que facilitou ainda mais que eles aceitassem a união como natural. “As coisas estão mudando muito. Hoje em dia as pessoas estão e têm que ficar com a cabeça mais aberta”, diz.

“Não teve mudança radical. Minha vida continua do mesmo jeito. Não mudei o jeito de me vestir, cabelo curto eu sempre tive, desde a adolescência. Eu não mudei nada. Acho que, talvez por isso, os meus filhos não tenham sentido tanto”. É nesse clima de tranquilidade, naturalidade, normalidade, que Fernanda vai passar mais um Dia das Mães, nesse domingo, 14 de maio, com seus três filhos e sua companheira em Guaxupé com a mãe de Cátia. Parabéns, mamãe Fernanda!

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