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Poços, 146 anos – O Pirilampo da Caridade. (3) Roberto Tereziano

Muitos médicos do passado fizeram a historia de Poços de Caldas, principalmente em um período em que a atividade era mais vista com nobreza e encarada mesmo como sacerdócio. Isto não significa que não exista hoje grandes e respeitados profissionais, mas os tempos mudaram.

A bem da verdade, até se faz necessário que nomes de escol da medicina local, ou que passaram por Poços de Caldas, e, nem só ligados ao termalismo, tivessem suas vidas mais conhecidas, pois se a cidade ainda ocupa um lugar de destaque na história do país, especialmente na área de saúde, muito se deve a tal classe profissional.

Nomes como Juscelino Barbosa, João Pinheiro, Mário Mourão, David Otoni, só para citar alguns, foram diversas importantes para o desenvolvimento de Poços de Caldas, tendo contribuindo, muito além de sua formação acadêmica, com outros saberes que fizeram da cidade referencia e a distanciaram de muitas das demais cidades como polo cultural, urbanístico e também de saúde.

Porem, quem deu o inside para a contribuição de tais pessoas fora o oficialmente considerado primeiro médico da cidade, Dr. Pedro Sanches de Lemos.

Nascido na cidade de São Gonçalo, MG, Pedro Sanches nasce um ano depois da chegada do grande médico e naturalista Anders Regnell, que vindo da Suécia se instala em Caldas, MG, e passa não só a praticar a medicina e a botânica, mas também a influenciar o interesse a pesquisa em toda a região.

É o próprio médico Pedro Sanches de Lemos que vai registrar em 1884, quando da morte do cientista sueco, ter sido tal influencia, além da vivencia na farmácia do seu pai, que o fizera médico e amante fervoroso a pesquisa.

Depois de passar por todas as etapas educacionais preliminares Pedro Sanches chega à faculdade de medicina do Rio de Janeiro e em pouco tempo já se revela brilhante aluno, sendo diplomado em 1871 com todos os méritos. Formatura está que contou até com a ilustre presença do Imperador do Brasil, Dom Pedro Segundo.

Diante as grandes portas que se abriam para um jovem médico com o brilhantismo que se apresentava e com a oportunidade de escolher qualquer país do mundo para dar sequencia a sua promissora carreira, opta por vir para um quase despovoado sertão, cheio de animais selvagens, como registra Dr. Mourão em seu livro “Síntese Histórica de Poços de Caldas”.

O jovem médico mora, primeiramente na Serra do Selado, e depois com o início oficial do povoado passa a morar aqui na área central, tendo logo contraído Matrimônio com uma das filhas do Coronel Agostinho Junqueira, filho do sesmeiro, e que fora dono de toda a área inicial do povoado.

Dr. Pedro Sanches comanda todos os estudos científico das águas importantes de Poços de Caldas, mandando ou levando amostra para os principais laboratórios do exterior e trazendo anexo aos resultados laboratoriais, vivencias urbanísticas, experiências turísticas e uma gama de outras informações e melhorias que seriam importantes para o lugarejo se tornasse a verdadeira estancia balneária brasileira e por influencia de suas propostas, não só a nossa cidade, mas, outras estações climáticas brasileiras também se alimentaram em tais conhecimentos.

Além do grande profissional, Pedro Sanches passa para a história do termalismo como o criador da especialidade médica baseada no uso de águas “medicinais” chamada crenologia e, por seu aspecto, mesmo com reconhecida intelectualidade, simples, humano no tratamento das pessoas enfermas, sem o interesse exagerado pelo vil metal, com o merecido apelido de “PIRILAMPO DA CARIDADE”.

Dr. Pedro Sanches falece em 1915 aos 68 anos. Seu nome é eternizado na principal praça da cidade e, sua contribuição para o desenvolvimento urbanístico de Poços exige não só que simbolize a classe médica, mas, que ele seja reverenciado como parte importante da historia da cidade.

One thought on “Poços, 146 anos – O Pirilampo da Caridade. (3) Roberto Tereziano

  • Roberto Tereziano

    nos chama atenção até mesmo a tese de doutorado de Pedro Sanches. “Epilepsia e preconceito” num período em que se acreditava que a doença fosse uma enfermidade só de negros, em plena escravidão ele pesquisa sobre o assuntos e mostra em seu trabalho que tal crença não passava de preconceito e que o mal poderia atingir qualquer pessoa ou raça. RT

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