Colaboraboradores convidados

T R EM ( t r a i n ) ( 440, 35, 11, ) Por Ludgero Borges (1)

 

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Esta crônica que chamaremos mais de narrativa porque  a vivemos  e  ao mesmo tempo de fictícia afim de prevenir fatos como  por exemplo alguém se achar incluso nela por questão de nome,  data,  local  etc. ou ainda pelo interesse de  desmentir alguma passagem,  quer pessoalmente,  quer por algum acontecimento que tenha vivido ou  ouvido falar.  O que for lido deve ser aceito, pois perderão seu tempo em nos acusar de algo que incomode  terceiros,   porque  para estes casos é mais fácil e cômodo, simplesmente  negarmos o embate alegando  mera coincidência.       Estamos  entendidos ?    Então vamos iniciar  nos colocando quase sempre no lugar  do leitor para dar mais presença aos narrados.    

            O leitor agora está em pé em cima da ponte de concreto no início da Avenida João Pinheiro,  com suas costas voltada para a Serra de São Domingos   Na sua frente á uns 100 metros  tem um prédio quase todo térreo no estilo dos de sua época    por volta de 1850   quando da fundação da Cia Mogiana de Estrada de Ferro  e  as construções  foram tomando forma de bungalows mesclado com  missões, lembrando sempre o estilo colonial , de cor avermelhada,  de tijolo á vista, alinhavado dos fios claros das juntas, com detalhes em preto das ferragens,   sendo as Janelas e portas na cor creme puxada a terra.  Quase todas alvenarias da CIA . Mogiana eram iguais.   A frente deste prédio que era a Estação do Trem de Ferro,  á 1.000 metros, começava o sopé da Serra de São Domingos estando ainda o nosso observador plantado sobre a ponte  que fica bem em cima da junção  do Ribeirão da Serra,  com o Ribeirão de Caldas, portanto, entre o leitor e a Estação,  existe uma ária livre de uns 100 metros aproximadamente,  iniciando   do lado esquerdo na direção do prédio   e terminando á direita deste,  há outros 100 metros   com uma largura aproximada de 80  met.,   tendo de permeio o início do Ribeirão de Poços  e da Avenida João Pinheiro      Neste pátio chamado Largo  da Estação,  verdadeiro entroncamento da cidade, diariamente se transformava em festa por uma hora pelo menos com a chegada do  trem da tarde,  aforando  causos  extraordinários ocorridos  naquelas  redundâncias,  pois era uma das entradas da cidade e quase vizinho do Estado de São Paulo.   O Largo do Trem era assim formado:   Toda a área construída  numa linha reta de uns 80 por 20 metros,   incluía a Estação coberta e seus departamentos  como plataformas,  salas de espera,   de embarque e desembarque de passageiros e bagagens,  sanitários e demais  necessários inclusive morada do Chefe.    A construção  tem uma calçada de ladrilhos  hidráulicos  até mais que sua metade, com 2 metros de largura,  pelo lado e fora,  num só nível,     subindo depois 40 cm para formar um plano de desembarque de mercadorias  a ser   ser  despachada,  até o final do prédio.    Esta parte é revestida com cimento liso                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Sobra então um largo de  uns 800 metros quadrados entre a Estação e  os inícios  das Avenidas João Pinheiro  e Junqueiras     Este largo  plano , de solo de terra apilhado  com areia grossa e pedregulhos parte vinda do Rio Jaguaribe de São João da Boa Vista   está  constantemente ocupado com carroças,  carroção,  caminhonetes,  animais cargueiros,  charretes,  cabriolés,  carro de bois,   carrocinhas de mão,  charretinha de carneiro   etc  todos se ocupando sem pressa em receber alguma mercadoria ou despachando-as,  inclusive varas  de porcos ou de gado,   aforando veículos via vagões da Cia. com troupe,   de Circo,  de saltimbanco e trapezistas e  diabo que carregue,  aguardando sua vez de agir.    Isto, durante certas horas  pois a prioridade  era a dos trens de passageiros. 

De manhã e as l6,30 h,  tal movimento raleava até suprimir de todo,  dando lugar as charretes,   charretões com 2 cavalos,  carros de passeio  – hoje taxis- ,  jardineiras  -hoje vãs- , carrinhos de lanches,  sorveteiro,  pasteleiro,  piruliteiro, vendedores de sabonetes,  souvenires,  jornaleiro e,  o tema principal,  corretores  e agentes de hotéis e pensões , tirante,   corretores de médicos,  banhos e passeios pelas   redundâncias de Poços de Caldas, restaurantes,  casinos,  carteados e até  pensão,   -título que substituía  lupanar  ou casa de tolerância- , em fim, numa hora ou menos a praça se lotava de atividades e de assuntos desde curtos e simples, até os seriados,  por exemplo;

                – Se viu só ?   esse  tar de Getúlio disse que vai dividir o dia do trabalhador em     .               24 horas !

            – Sei.   8 horas pra trabalhar,  8 horas pra descansar e 8 mode drumí !  Sei não !  

Ou,          – Pelas noticias de mortes nas guerras, somando tudo não tem mais soldados por lá

                  – E o Meneguéti  em?  Esse cara rouba no nariz da polícia e não tá nem aí    !                E  se  desenrola em narração de  :    … —    Como estava te contando ontem,  aquelas 4 artistas que desembarcaram semana passada na verdade são vigaristas,  foram flagradas  e intimadas a deixar Poços amanhã   no P 2     0 agente   Cilim vai escolta-las… …     nisto a campainha do Estação anunciava a chegada do trem e o relato é interrompido;   -Amanhã te conto o resto. ..     Colocamos um pedacinho do quotidiano para que o leitor sinta o clima de conversa fiada que se desfia num salão de barbeiro,  numa espera de trem,  num banco de jardim.    Entre elas surgem coisas de maior gravidez   como fofocas de altos escalões:    -Ce sabe pruquê  a   Fonte Sinhasinha  tem  este nome ?  Sabe não ? ! ?  ´0ia. Nu  tempo do Império…   … e o causo           se desenrola em narrativa de suspense,  com arregalação de olhos ,        redondinhos   hóóhh   de boca   e aceitos os  comuns adágios de  –

quem conta um conto aumenta um ponto.                                                                                            (continua amanhã)

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